Los Angeles 08:00 AM - Mellanie's POV
Oh vidinha de merda essa minha.Se bem que eu não estudo,só passo o dia em casa,mas o ser que sou obrigada a chamar de pai passa o dia enchendo o meu saco.Isso é um absurdo acordar a esse horário,e sabe pra quê ? Pra fazer café pro fudido tomar e ir “trabalhar” como ele diz. Pra sorte dele não me falta nada,porque se não já teria saído daqui a muito tempo. Odeio ele,odeio essa casa,odeio esse lugar.
Preferia estar com minha mãe mil vezes do que nessa bosta que chamamos de casa, mas como se pode estar com alguém morta ? É minha mãe morreu faz 3 meses,eu morava com ela no meu querido Brasil,mais tive que vir para cá, infelizmente.Desde então minha vida se baseia em um lixo total.Sem amigos,só comer,dormir,assistir e ter que agüentar os gemidos das vadias que esse imprestável vem comer aqui sob o “meu” teto. Por isso que é uma droga ter 16 anos, não sou nem dona do meu próprio nariz,é o que fode tudo.
- MELLANIE.DESÇA PORRA,ESTOU COM FOME. – esses foram os gritos daquele...imprestável que chamo de pai –as vezes.Isso que ele é,nem pra torrar um ovo e comer ele serve.
- EU NÃO ESTOU SURDA CARAMBA. –gritei do meu quarto.
Estava pouco me fudendo para o seu Hugo – nome do meu pai -,meus cabelos lisos e grandes na cor castanho merecem mais atenção do que ele,vamos concordar. Terminei de penteá-los com a maior calma do mundo,e assim sai do meu quarto.Cheguei a cozinha e lá estava ele já todo vestido sentado na cadeira com um jornal nas mãos,até parece que ele tem interesse nessas coisas.
- Que demora Mellanie, eu estou faminto e preciso ir para o trabalho.Não posso me atrasar. – comentou abaixando o jornal e me olhando.
Não disse nada, todos os dias é o mesmo papo.Nem sei onde ele trabalha e nem me interessa também,tendo todos os dias o tanto que eu quero nas minhas mãos para estourar no shopping está bom demais.Preparei rapidamente o café e algumas panquecas, eu até que era boa com ele.
- Porque não contrata uma empregada poderoso chefão ? Não estou pronta pra ser sua empregada, beleza ? – disse fazendo meu nescau.
Ele me olhou de relance e voltou a olhar pro jornal pegando na xícara enorme de café e tomando um gole.
- Estou cheio de dividas,não tenho meu dinheiro pra contratar ninguém. Enquanto você estiver morando sobre meu teto,você que vai fazer os serviços de empregada.
Falou sem nem me olhar.Empregada ? Uma ova,não saí do Brasil para trabalhar pra esse trouxa.Balancei minha cabeça negativamente,e tomei todo o meu Nescau de uma vez,limpando a boca com as costas da minha mão.
- Muito engraçado. – disse irônica. – Você tem dinheiro pra comer todas as noites essas vadias caras e não tem pra por uma empregada ? Coloca uma dessas vagabundas pra limpar a porqueira que elas deixam nessa casa.– debochei.
Ele me olhou com raiva.Eu sabia que ele morria de raiva quando falava debochando dele, e eu gostava de vê-lo com raiva.Algo divertido no dia,pelo menos.
- Do meu dinheiro cuido eu. Eu como quem eu quero,e você vai fazer o que eu quiser. Cale a merda dessa boca,antes que fique sem os dentes. – disse rude.
Levantou-se da cadeira a arrastando no chão causando um barulho enorme,amassou o jornal e jogou em cima da mesa.Filho da puta,pensei.
- Vou chegar mais tarde hoje, tenho muitas coisas para fazer. – pegou a chave do seu carro na mesa da sala.
Saiu e bateu com força. Eu sei que tenho razão quando falo que minha vida é uma merda completa. Queria tomar um chá de sumiço para me livrar desse encosto, mais que pena que não tem como. Aposto que meu querido pai não faz merda nenhuma nesse trabalho dele, enquanto eu vou ter que arrumar a bagunça dessa casa.Droga. Eu realmente não tenho escolhas,a não ser aceitar o fato de que a minha vida não pode ficar mais fudida,pelo menos eu acho. E ter que conviver com isso...sei lá por quantos anos.
(...)
Limpei toda a bagunça dessa maldita casa velha,meu pai é tão miserável que nem pra comprar uma casa que preste...essa está quase caindo sobre nossas cabeças.Subi e fiquei meia hora debaixo do chuveiro, precisava tirar aquela poeira do meu corpo junto com o suar por conta dos móveis desse chiqueiro. Pelo menos a tarde, tem a academia pra me ir,nada mal. Me arrumei com trajes adequados, peguei meu celular e coloquei meus fones,coloquei e fui para a academia.Não era tão longe daqui,por isso que resolvi ir. O bom da academia era que tinha aqueles lindos,gostosos e sarados instrutores que haviam ali,aposto que eles também aproveitavam-se de algumas meninas.
Mas fora isso...uma bosta. Hoje fiz só 3 horas de academia,estou cansada demais pra fazer as 4. Fui pra casa,tomei banho e coloquei uma roupa normal, comi qualquer besteira, e fui assistir TV. Que interessante ein. Ouço um carro estacionar em frente de casa,nem me movi.A porta foi aberta brutalmente,olhei e era meu pai.Legal,a casa já não presta e ele quer acabar de vez.
- Chegou cedo porque ? – perguntei inocentemente como boa filha preocupada com o pai,que sou.
Ele fechou a porta com força,e vi a chave do seu carro voar perto do meu rosto parando em cima da TV. Se ele queria me acertar,a sua mira está péssima, o olhei e ele parecia estar com raiva, sei lá....
- Não é da sua conta pirralha. – ignorante como sempre.
- Só pra lembrar,tenho 18 anos idoso. –olhei pra TV.
- CALE A MALDITA BOCA MELLANIE, NÃO ESTOU PRA BRINCADEIRAS AGORA.
Gritou subindo as escadas, suas passadas eram largas e fortes.Fazendo a escada de madeira ranger um pouco.Até parece que seus gritos me assustam,ele quase todas as vezes chega assim em casa.Queria saber o motivo dessa irritação toda,queria saber o que ele faz nesse trabalho....e queria saber também onde está o meu CD novo que comprei a dois dias atrás.Porra,não sei onde coloquei. Me levantei em um pulo do sofá e fui procurar na estante, virei e revirei tudo. E nada desse maldito CD que foi caro pra caralho.
- Onde foi que eu coloquei esse maldito CD ? – perguntei pra mim mesma andando de um lado para o outro na sala. Quem me visse assim,pensaria que eu fosse um louca e estaria surtando por falta de remédios...é.
Vi a chave do carro do meu pai lindo, e lembrei que da última vez que e o vi estava lá dentro. Tinha colocado lá porque...na verdade não foi eu. Foi a porra do Hugo que me tomou e colocou lá porque eu ouvia toda hora. Já que ele não está aqui, peguei a chave e corri até a porta,a abrindo e fechando devagar, vai que ele escuta. Seu carro estava em frente de casa,ele vive reclamando que não tem dinheiro e a cada semana aparece com um carro mais luxuoso e mais lindo que o outro,vai entender né. Na minha frente estava uma linda BMW cinza,wow....vi um dia que uma custava horrores,só pra quem tem mesmo a nota pra ter uma.
Começo a desconfiar de que meu pai andando assaltando bancos,só pode. Abri a porta só pra ver por dentro porque tinha certeza que o meu finado CD não estaria mais ali,lembro que ele colocou na Land Rouver que ele andava ! Entrei e fechei a porta pra ninguém desconfiar,incrível mesmo era o que tinha dentro daquela belezura, os bancos eram de coro puro, o volante também.Me curvei pra ver o que tinha ali nos bancos, levei um susto enorme quando vi um fuzil, meu Deus pra quê que o indivíduo anda com um troço desse ?
Tentei levantá-lo,mais essa porra era mais pesado que eu. Se meu pai me pegar aqui,é até arriscado ele estourar minha cara com isso aqui. Sai rapidamente do carro, entrei em casa e coloquei a chave no mesmo local, subi pro meu quarto e me joguei na cama.Não consigo entender o que acabei de ver,o quebra-cabeça agora ficou mais embaralhado ainda. Fuzil ? Só quem anda com isso são traficantes....Mas pra quem ele trabalha ? Tipo,eu sei que ele não presta,mais chegar a esse ponto ele não chegaria,ou chegaria ?
Fiquei lá um tempo tentando raciocinar sobre qual trabalho,e o que meu pai fazia. Minha garganta começou a ficar seca, sai do meu quarto e caminhei em direção a escada,ao chegar no topo vi meu pai no celular,dava para ouvir nitidamente.Me escondi um pouco e comecei a ouvir a conversa.
- Eu sei chefe. Eu vou conseguir seu dinheiro. -- Não...não vai ser preciso tomar providências alguma. – sua voz saiu em um tom amedrontado. -- Tudo bem. Voltarei ai,logo a noite. -- Sim,senhor.
Desligou e jogou o celular na parede.Quebra,tem dinheiro pra comprar outro mesmo.Dinheiro,chefe,armas
- O que você está fazendo ai menina ? –perguntou me dando um baita de um susto.
O encarei sem saber o que falar. Inventa logo alguma porra,Mellanie.
- Nada, eu estava descendo.
- Eu vou sair a noite, depois da janta. Então faça algo que preste.
Passou por mim. Idiota,dou comida pra ele e ainda reclama,sei que é meu pai...mas toma no cú mano. Só queria saber com quem ele estava falando,essas dúvidas cruéis estavam me matando...Fui para a cozinha,no relógio marcavam 06:43 PM,hora de começar a fazer algo aqui. Em minutos fiz uma lasanha, sempre fui boa na cozinha,minha mãe sempre dizia.
Ah minha mãe...como isso soa tão estranho...Talvez estranho seja essa falta que ela me faz,não consigo entender porque ela foi e me deixou nessa droga de mundo.De pessoas más,violência e ódio,seria muito mais fácil se ela tivesse me levado com ela.Eu não sofreria tanto.Mas como dizem,Deus sabe o que faz,espero que ele saiba mesmo porque isso aqui não é vida. Hugo desceu todo arrumado,coloquei a janta dele e subi para tomar um banho,quando desci ele não estava mais ali, jantei,lavei os pratos e voltei pro meu quarto. Peguei meu notebook e fui mexer nas minhas redes sociais, tédio total. Fechei aquela porra e fui dormir, isso era mais interessante.
(...)
- MELLANIE, ACORDE ! VAMOS, PRECISO FALAR COM VOCÊ.LEVANTA GAROTA. –isso era o meu adorável pai me acordando,me sacolejando em cima da cama.
- QUE PORRA, SERÁ QUE NEM DORMIR EU POSSO ? SAI DO MEU QUARTO,DAQUI A POUCO EU DESÇO.
Gritei,ele saiu. Não acredito cara,não acredito mesmo....como sou sortuda pra ter um pai assim.Não desejo isso nem pra minha pior inimiga, que no caso não tenho. Me levantei bufando de raiva,fiz minhas higienes e desci de pijama.Que diabos ele quer comigo ? Desci pisando firme com minhas belas pantufas de coelhos,eram lindas e seduzentes. Ele estava na sala,batendo o pé sucessivamente no chão. Parei em sua frente e ele me encarou.
- Vamos,me diga o que você quer. Eu quero dormir ainda. – disse coçando os olhos.
- Vamos sair a tarde,coloque pelo menos uma roupa apresentável, não isso ai. –debochou do meu lindo baby doll de ursinhos.
- Não sei se você sabe,mais não vou me produzir toda pra ir dormir né...por isso estou ignorando o que você disse.
Fui pra cozinha pegando o leite pra fazer meu nescau.
- Afinal, pra onde vou contigo ? – ergui uma sobrancelha o olhando.
- Não faça perguntas bestas,esteja pronta as 4:00 PM e só. Vai ajudar muito.
Falou e sentou-se na cadeira esperando que eu aprontasse seu café.
- Você que manda,chefe. – ironizei.
Ele me olhou arregalando os olhos.Ops...acho que falei algo a mais.
- De onde tirou isso ?
- De lugar nenhum.Vai querer mandar no meu vocabulário também ?
Ele não disse nada. Eu ein....ele não gira bem das idéias. Ou eu sou uma peste em pessoa. Fiz logo seu café,ficar ouvindo aquele barulho horrível da sola do seu sapato batendo no chão fazia dá uma raiva tremenda, ele comeu apenas uma torrada e saiu. Eu subi correndo as escadas, correndo o risco de deslizar e quebrar a cara,mais eu gostava de adrenalina,foda-se. Cheguei no meu carro e me joguei na minha cama quentinha,me enrolei toda e do nada começou a chover muito forte. Liguei a TV,estava passando Bob Esponja,meu desenho favorito.Quando eu era criança não cansava de assistir, agora parei um pouco, ter que limpar essa casa fez com que eu abandonasse algumas coisas,entre elas,meus desenhos animados.Meus olhos pesaram e acabei dormindo naquele friozinho gostoso debaixo das cobertas.
(...)
Se eu tivesse aquele fuzil nas minhas mãos eu juro que iria estourar todos os miolos do meu pai. Ele batia na minha porta repetidas vezes,é...ele tinha me acordado.Fudido.
- PORRA,PARA COM ISSO, JÁ ACORDEI CARALHO. – peguei algum objeto em cima da mesinha e joguei em direção a porta.
O objeto se quebrou em mil e um pedaços,caindo no chão.Beleza,vou ter que limpar depois.
- VOCÊ SABE QUE HORAS SÃO SUA VAGABUNDA ? – gritou Hugo.
- TÁ ME ACHANDO COM CARA DE RELÓGIO ? O QUE VOCÊ QUER ? – cobri meu rosto com o lençol.
- São 1:30 da tarde e eu estou com fome.
- Porque não comeu na rua ? Seria mais fácil e você não teria que vir aqui encher meu saco. – me levantei.
- Desça logo e faça algo pra me comer.AGORA.
FILHO DA PUTA.
Argh. Fui no banheiro e lavei o rosto,prendi meus cabelos e escovei os dentes.Coloquei minhas pantufas novamente,lá fora estava tudo molhado,mais a chuva já havia parado.Na minha janela as gotas continuavam ainda a cair, abri a janela e o vento frio entrou no quarto me fazendo tremer de frio.Fechei a janela rapidamente,arrumei minha cama de qualquer jeito e desci. Poderia por veneno na comida desse idiota e estaria feita da vida,mas ficaria sem dinheiro,então deixa quieto.Hugo estava sentado no sofá - se lê jogado - , passei reto pra cozinha e fiz qualquer merda pra ele.
- Já está pronto. – disse subindo as escadas.
- Não vai comer ? – ouvi ele perguntar.
- Estou sem fome.
Respondi e voltei pra minha toca.Peguei meu celular e liguei pra pizzaria que tem aqui perto,pedi uma pizza média de quatro queijos,e desci. Meu pai estava comendo ainda,me sentei no sofá e fiquei aguardando minha pizza,fiquei passando os canais milhões de vezes até minha pizza chegar.
(...) Bem meninas espero q tenham gostado comentem pra continuar por favor!!! beijocas
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